terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

[des]conecto.

partimos na noite.
a (minha) viagem não seria longa, mas o caminho arrastá-la-ia.
eu caminhava em equilibrio pela beira do passeio, a medo de ti. as mochilas pesavam e fatigavam os dorsos retraídos de cansaço. [mas a viagem não seria longa.]. continuámos no ruído das nossas vozes cruzadas, num abafar constante das ideias acesas.
chegámos e no silêncio esperámos que nos levassem ao destino.

"a viagem não será longa" - prevenias-te em segredo.

mais uma chegada.
[é estranho pensar em chegar ao destino, em alcançá-lo, dominá-lo e alterá-lo.]

voltámos a caminhar, agora mais próximos. [não há passeio na viela.]
"eu quero viajar, quero viajar..." - [ecoa em mim.] tu, parar na próxima chegada.

chegamos e estendes-te na indiferença de um quarto estranho. "eu quero viajar.." permanece preserverante na minha mente a epígrafe, sentenciando o destino por alguém controlado. e no sossego das vozes cessadas, contrario-te, como de costume.
[nunca te deixarei levar a melhor ainda que leve a batalha perdida de antemão.]
e vou percorrer as veredas, dançar a noite de cada recanto, tocar cada linha, saliência ou reentrância, incidir-me, confundir-me, viver em harmónico atrito os corpos de um cenário meu, e alimentar-me da pele, do calor, da nudez crua do estranho quarto e dos acidentes de um corpo. [teu.]