domingo, 18 de maio de 2008

Narrativa de cruzamentos em lugares nenhuns e lugares de ninguém.

Circulam analogamente ao passar dos dias, desorientados corpos em mutação. Atravessam-se entre si as vivências, os princípios, as diferenças e as parecenças dos seres volúveis, em locais incertos ou mundos distantes. Os países, mais certamente as cidades, nada mais são senão pontos de desencontros, lares, obrigações de permanência, encarceres de homens autómatos. Vagueiam mecanicamente pelos dias de vida, conformados com a inércia e monotonia certa do passar dos tempos.

Neste mundo podia existir eu, podias existir tu. Um movimento de encerrar a insipidez das eras. Uma pequena revolução à nossa escala mundial. Uma quebra rotineira dos mecanismos sociais. Um grito conjunto. A impertinência de “alguéns”. Deixávamos cair a noite sobre as casas rodeadas de convencionalismos e partíamos à descoberta destes mundos. Não seria necessária a realidade paralela. Tornar Bundesrepublik Deutschland tão perto de Aotearoa. Correr pela Piazza Duomo, rodopiar e estar no Taj Mahal. A turbulência dos interfaces, a vertigem dos abismos, as distâncias percorridas em contra-tempo… a intermittentia dos olhares criam em mim vórtices de viagens, construções metálicas de cidades fantásticas e reinos utópicos.

A lonjura dos lugares unida por carris. As intercepções nos lugares iguais. Os encontrões por entre as multidões presas à azáfama do desprazer do caminho trilhado constantemente. Por entre eles dançaria (dançaríamos?) em rodopios incessantes, fazendo-os tropeçar, cair num estonteamento psicológico. A loucura é um estado de sanidade, quando doseada. A vontade de viver para além do estabelecido, de surgir com ímpeto em diferentes lugares e lá viver vis momentos sem fim porque usurpados repentinamente por uma nova aventura, num outro lugar, aqui, ali, acolá, desfigura o conservadorismo imposto, desafiando os seus sórdidos valores a verem a verdadeira beleza das coisas. Que diferença faz? Toda! As experiências solitárias sem ponto definido criam uma voragem de criatividade, alimentando uma visão cada vez mais surrealista ou até mesmo Dada.

11 comentários:

Anónimo disse...

"If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all that i hide"

Elephant gun, Beirut

o teu texto faz-me lembrar desta musica. nao sei bem o porquê...

[o resto ja tu sabes bem filha :)]

kiss
*

Anónimo disse...

o que o r. disse! o resto que eu tenho a dizer já tu sabes... keep it up good girl!

Anónimo disse...

peço dsclpa mas eu n gostei muito. Achei que estava muito rotineiro, peço dsclpa mesmo.Muito adornado para o meu gosto.
A loucura nunca é um estado de sanidade, pq nunca é doseado e ainda bem que assim é. Pode durar 5 minutos ou até menos mas nunca é doseado, é um blackout, um corte com a realidade.É Quando encotramos o nosso reflexo, num palco intimista, e nos injuriamos mutuamente. Loucura doseada é como uma overdose sem convulsão.Mas fui o unico que não gostei até agora. Questiona-me a mim lol
fico à espera do proximo

Tiaguinho

violent.femme disse...

r. e sousa:

obrigada! :) sempre fieis.

Tiaguinho:

obrigada. como já te disse não levei a mal. agradeço, inclusivé, a honestidade e sinceridade. no fundo é bom ter uma critica negativa, acho que pode ser ma de duas formas:
- ou porque o texto está mal escrito (o que fiquei sem a certeza absoluta se achas) - o que me dá vontade de melhor, funciona talvez como um desafio.
- ou porque as opiniões divergem - mas se pensassemos todos da mesma maneira, qual seria a piada?

:)

*

j. disse...

cruzamo-nos no meio de nenhures, e vamos tentando fazer os impossíveis para que as máscaras não nos caiam. está tudo muito bem montado, parece um solo de bateria de metal, sempre as mesmas notas, dentro dos mesmos compassos, não forma mais autómata que conhecemos, não vá um laivo de loucura atingir-nos e deitar-mos tudo a perder neste mundo de aparências.

[listening to: drum solo, Slipknot. saiu isto. E gostei deste. Boas palavras, bom efeito.]

j. disse...

e reparei agora na quantidade de erros ortográficos no meu comentário anterior.

Anónimo disse...

http://download.yousendit.com/E2EC0B9B6D9E3D6B

(tens 7 dias)




[viste a curta 'by the kiss' comigo. uma mulher encostada a um muro. e os beijos de 'mil' homens.]

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

interessante... hmmmm.... «intermittentia», hem? Uma nova palavra do novo acordo ortográfico, é? hehehehe

Beijos

TENHO DITO

violent.femme disse...

joana.,
obrigada :) deixa lá os erros, podes sempre desculpar-te com o novo acordo ortográfico, ninguem vai ter coragem de duvidar da veracidade da tua palavra :p

.,
aventuras.

Poeta :) ,
«intermittentia» é "intermitência" em latim, esqueci-me das aspas :p

Cavaleiros do Apocalipse disse...

Até a gritar revolução tu és delicada e poética. :)
O mais perto de todas essas viagens, rodopios e danças que encontro diariamente é o sonho. Nem sempre dormir é tempo perdido. Só no son(h)o viajo a lugares que se calhar nem existem (quem sabe?).

violent.femme disse...

Cavaleiros do Apocalipse:

Mas eu nao quero sonhar!! Quero realizar, sabes? Partir do mundo ilusorio para algo concreto... sentir nao o sonho, mas a verdadeira intensidade das vivencias!!! Irrr!

:)

*