«Ex.mo/a Senhor/a,
O panorama da exibição em Portugal tem vindo ao longo dos últimos anos a ser desvirtuado em prejuízo dos exibidores independentes, como é o caso da Medeia Filmes. A oferta permanente de bilhetes por parte da concorrência escudada noutros negócios de grande rentabilidade, ou a digitalização das salas obrigando a exibir blockbusters, etc., têm vindo a afectar sobremaneira quer a fidelização de públicos quer a possibilidade de se fazer uma programação regular e independente.
Seria necessário, no contexto actual, proceder à digitalização das salas do cinema Medeia Cidade do Porto, o que, a par dos investimentos feitos ao longo dos anos e dos gastos mensais dessas salas, se tornou inviável. Por outro lado, não podemos vergar-nos à imposição de uma programação de blockbusters, que outras salas já oferecem, como contrapartida dessa digitalização.
Por todas estas razões, a Medeia Filmes vê-se forçada a fechar em breve as salas do cinema Medeia Cidade do Porto. Mas irá continuar o seu trabalho no Porto, concentrando-o, a partir de agora, diariamente no Teatro do Campo Alegre e pontualmente noutros espaços de exibição alternativa. Dedicando-se, cada vez mais, ao cinema alternativo e de qualidade que, desde há duas décadas, tem vindo a mostrar ao público cinéfilo da cidade. Vai continuar a poder ver cinema europeu ou de outras cinematografias que aparecem com mais raridade, do Médio Oriente à Ásia. E cinema americano independente.
(...)
Estamos gratos pela fidelidade à nossa programação ao longo do tempo e contamos que continue a ver os filmes de que gosta, agora no Teatro do Campo Alegre, ou nas sessões alternativas que organizarmos e de que lhe daremos conta.
Atentamente,
Medeia Filmes»
Esta é a última semana de exibições das salas de Cinema do Cidade do Porto.
Por isso, meus caros do norte, ENCHAM-NAS!
quinta-feira, 24 de junho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
morrer no morto, ou chover no molhado, vai dar tudo ao mesmo.
se continuo a morrer no já morto, é como chover no molhado. e não consigo deixar a casa antiga. a culpa é dos amores. acho que odeio tudo ao mesmo tempo, pelo amor que lhes sinto. a minha avó dizia que já nada era como antigamente. começo a dar-lhe razão. se calhar estou a envelhecer. se calhar, não, estou mesmo! e não gosto. mas não há gentes como antigamente, nem conversas como antigamente, quanto mais silêncios como antigamente!! nos velhos tempos em que era a minha voz cerrada contra as vozes de uma razão que eu sorvia, e depois ia repetir. pelo menos eram coisas novas, antigamente. hoje as gentes são um tédio e dão-me um lugar ao lado da presunção. água benta, só no tempo do antigamente, em que a bebia das tuas palavras. estou a envelhecer e a ficar aborrecida. será que é assim que os mais-velhos, aqueles a quem chamamos Sr./a , donos da sapiência da experiência da vida, de forma bem mais aguçada, se sentem? entediados? custa-me achar que perdi a capacidade de me surpreender, porque sei que ainda me falta um (um, dois, três...) mundo inteiro. se assim for, sou triste a partir de agora! e vou continuar a morrer. e enquanto eu estiver a morrer na morte, ou a chover no molhado, vou ter que voltar à casa velha, quanto mais não seja para ir mudando as flores da campa, que de putrefacção já chega o hoje, que a saudade fica é do antigamente.
e tu, outra, larga o esparguete al dente e vem dançar comigo.
até breve.
e tu, outra, larga o esparguete al dente e vem dançar comigo.
até breve.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
acho que a essência me saltou do corpo. é que eu estou mole e incrédula, no sentido que não é bom. tenho o olhar vago à noite, inerte. sabes o sentimento de angústia? é como ter mil mãos a apertarem-me a garganta devagarinho e cada vez mais. sem que me falte a respiração, mas a inalar o ar a esforço e a sentir o coração a não se desprender do peito e a bater devagar. com uma calma estranha. como se encontrasse a paz no som de um piano ao fundo de um bar vazio, que exala a tristeza do músico que vai tocando ao vivo para o pó que dança e o gás da cerveja que morre nos copos dos transeuntes sem rosto que por lá passam. morre o gás e morremos nós, com o corpo atirado para a pele gasta dos sofás. pelo menos ainda conservam a pele e vêem a eternidade dos dias passar. eu não sei se é preguiça de fazer dos dias diferentes, mas parece-me que o meu corpo se arrasta sempre em cenários iguais, que me cansam. talvez sejam os meus olhos que estão vazios e que passam pelos sítios e só vêem memórias e vivem do alimento que delas tiram, mas que já não tem sabor. e eu acordo sempre em sobressalto, corroída pela ansiedade de viver aventuras novas e criar novas memórias e alimentar-me delas enquanto me crepitar na língua o seu paladar. é como um caramelo que se põe na boca antes de dormir: vamos adormecendo ao seu bel-prazer e cerramo-nos para o mundo com um sorriso e a cara lavada. sem vergonhas nem medo do advir do subconsciente. eram tempos de sopros no coração, esses outros. hoje fico amortalhada no silêncio e é assim todos os dias: acordar, engolir o pequeno-almoço ao som das notícias que nunca decoro. lavar a cara e olhar as anomalias do meu corpo desnudo no espelho enquanto a água do banho aquece. deixar que a água então me caia no corpo, e quente me creste a pele e febre o sangue, pois preciso que o corpo funcione por si, sem minha ordem ou vontade. enrolo-me na toalha e tremo à temperatura do ar e é tudo o que no dia me diz que ainda estou viva. seco-me e visto a roupa que tinha escolhido, é prazer que ainda não me fugiu. uma futilidade. lavo os dentes para reciclar o hálito e almejar sentir o sabor da menta, que nunca vem. estico a franja, ponho o chapéu e quando pego na mala para sair, já o comboio partiu. 50 minutos de espera dão-me tempo para sair e me sentar à beira dos carris a sentir vento na cara e desejo pelo abismo. a efemeridade do tempo mata-me todos os dias, ela é mentirosa e malvada, é mutante. não é temporária, é eterna e mostra a minha cara todos os dias na página da necrologia. a pena capital é a solidão e desce dos céus à noite para me levar. a firmeza que me resta insurge-se contra a completa ruína. e escolho a vida diafanógena assaltada pelos ditados do senso que sempre desprezei. e abraço a esperança como razão, que sou ser ímpio, como cálice do antídoto que me restituirá a natureza humana, pura e subtil, como tem que ser. rasgar-me-á o coração ao mundo para nele verem nascer vivaças e saudáveis flores. serão estigmas noutro tempo, decerto. mas até lá, saborearei a compota da felicidade em tostinhas de pão-da-aldeia. vês a força que me resta? ela pede-me para que juntes os teus medos aos meus. e te dês, que a mim nada me resta senão dar-me. e já me dei. dá-me a tua mão que assim viveremos para sempre.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
sequei e só me vai na cabeça a conversa de tasco de quinta-feira à noite.
era a mesa chouriço assado, cerveja e azeitonas e a conversa sobre o tempo.
se é passado, presente, futuro.
e o sartre escrevia-me nos olhos as palavras que na noite anterior tinha lido:
"é isso o tempo, o tempo inteiramente nu, que acede lentamente a existência, se faz esperar, e que, quando chega, nos enfastia, porque conhecemos então que já ali estava havia muito."
era a mesa chouriço assado, cerveja e azeitonas e a conversa sobre o tempo.
se é passado, presente, futuro.
e o sartre escrevia-me nos olhos as palavras que na noite anterior tinha lido:
"é isso o tempo, o tempo inteiramente nu, que acede lentamente a existência, se faz esperar, e que, quando chega, nos enfastia, porque conhecemos então que já ali estava havia muito."
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
masoquismo violeta.
não é que caiu em mim a razão a dizer-me que sou ser-sadista, que gosto do estilete na mão e de lhe rasgar o peito e lhe saber as entranhas, pegar-lhe o coração nas mão e desfibrilha-lo para que bata - pum-pum.pum-pum. - quente de amor.
bate de dor: que dizia o outro que este é doença. má.
e agora pensar que gosto que me façam o mesmo.
bate de dor: que dizia o outro que este é doença. má.
e agora pensar que gosto que me façam o mesmo.
sábado, 2 de janeiro de 2010
o Homem já não é feito para sempre.
sem a crença, ou a fé, já nada é para sempre.
é como o mundo contemporâneo, supera-se e mata-se e suicida-se todos os dias.
e é sempre diferente e não pára.
e é cenário efémero.
é teatro oral.
é e não é nada porque não tem tempo.
não chega a ter história porque nunca é o mesmo.
sem a crença, ou a fé, já nada é para sempre.
é como o mundo contemporâneo, supera-se e mata-se e suicida-se todos os dias.
e é sempre diferente e não pára.
e é cenário efémero.
é teatro oral.
é e não é nada porque não tem tempo.
não chega a ter história porque nunca é o mesmo.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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